31.12.12

Mulher gorda


Olá mulher gorda
Desta noite magra
Onde não adormeço
E me aborreço

E escrevo palavras
Sem qualquer endereço
Que leves levantam
Num voo arriscado
Pousando, suaves
Nos teus fartos seios

Olá mulher gorda
Parada no escuro
Duma tela órfã
Com linhas esbeltas
Contornos ousados
Ferindo de morte
Todos os desejos
Que tombam discretos
Sobre teus cabelos

Meus olhos resistem
Imóveis, quietos
Até ao momento
Que num movimento
O teu corpo cheio
Estilhaça o quadro
Em dois mil pedaços
Que caem em abraços
Tão perto de mim

Olá mulher gorda
Só quero que saibas
Que tenho um pequeno
Bocado de ti

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