11.3.10

enxurrada


adoro quando me olhas
com palavras adoçadas
leio nos teus olhos textos
antigos e segredados
dos futuros apagados
por águas correntes, salgadas
levando em enxurradas
que desaguam no (a)mar
desejos que são viajantes
desejos de me falar

adoro quando sorris
com os dedos em enredos
roçando as gargalhadas
desenhando momices dançadas
em palavras disfarçadas
mudas, sem letras, cansadas
engolindo os meus medos

a tua pele me cativa
com lampejos de arrepio
enchendo este vazio
onde imensa comitiva
de fantasmas em degredo
matam-se quase em segredo
e deixam viver a vida

1 comentário:

Unknown disse...

Sabes que não me zango de não publicares os meus comentários e sabendo... Então guarda-os onde quiseres porque eu vou passar a dizer por aqui o que acontece quando as tuas letras, saltam daí e me trincam como melgas!
Está fantástico este poema!
São fantásticos todos os teus poemas!
"Enxurrada"...., não podias ter escolhido melhor!... Olho essa imagem aí em cima e sabes o que vejo?! a transmutação das tuas palavras... os teus sentimentos num desalinho de vontades e paixões, porque já não cabem dentro de ti. Não sei se vontades realizadas ou não, mas sei que podes estar sozinho mas "não estás só" e estás feliz. Deixo-te com um beijo.

(guardado aqui...)