estamos esperando a morte
com toda a sua alongada corte
de anjos e diabos em cortejo
estandartes ao vento, em primeiro
com cores tingidas por nevoeiro
e silêncios em marchas militares
a cidade dos vivos veio ver
o desfile de artefactos de morrer
figuras rastejando, agoniantes
risos de hienas e encher
o ar com sons acutilantes
abutres sobrevoam as cabeças
presas a corpos assustados
por um fio de medo a escorrer
olhos de terror saem das órbitas
e rolam perdidos por encantos
das virgens que vieram se perder
a morte desfila empoleirada
no andor da vontade de viver
sorri e acena à multidão
que se agita como mar encapelado
que reza desesperadamente o terço
que roga piedosamente mas em vão
a morte chega e abençoa a multidão