16.7.12
O mapa
Estendi o mapa sobre a mesa da cozinha
e desenhei com o dedo indicador
todos os países que nos separam.
Encontrei as cidades com os olhos fechados
e imaginei os teus passos em Barcelona
o teu sorriso sentado num banco de jardim, em Paris
o teu corpo cansado numa cama de Londres
e de mãos dadas, contigo, em Frankfurt
ouvi protestos
por nos banharmos sem roupa numa fonte da praça principal.
Dobrei o mapa, alterando todos os vincos
fazendo desaparecer os países que nos separam
e as cidades onde estamos
deitaram-se abraçadas
beijaram-se sobrepostas
e fizeram amor toda a noite
elas, como se fossemos nós
Irracional tempestade
Declarada guerra!
Os números naturais, deixaram de ser naturalmente
... pacíficos
e a guerra instalou-se!
Guerra entre não primos e primos
de cabeça alterada.
Guerra de família
números do mesmo sangue
despedaçando-se em bocados
num papel quadriculado
reciclado
que se manchou de despojos
que se encheu de farrapos
de borracha esbranquiçada
arma mortal inventada
na era dos descobrimentos.
Euclides irritou-se
e dos céus de Alexandria
soprou, soprou, soprouuuuuuuuu
violenta tempestade
sobre o campo de batalha.
E em perfeita agonia
a irracionalidade chegou
aos números dilacerados.
Morreram em pequenos bocados
na memória de Hipaso
Hipaso de Metaponto
(http://www.clube.spm.pt/
4.7.12
2.7.12
O sol
O sol entrava-lhe de noite pela janela
Inundava-lhe o quarto, o corpo e a alma
E a luz, com muitos dedos, abria-lhe os olhos
Todas as noites, confundindo-lhes os dias.
O sol entrava-lhe sorrateiramente pela janela
Procurando as frinchas de si
Acordando vísceras, sangue, e a carne
Deixando incomodativos rastos quentes
Que não o deixavam dormir
Ontem, de madrugada, o sol entrou-lhe pela janela
Ele apanhou-o e
Deixou-o em efervescência num copo de água junto à cama
Bebeu-o pela manhã
E a cidade ficou para sempre às escuras…
Inundava-lhe o quarto, o corpo e a alma
E a luz, com muitos dedos, abria-lhe os olhos
Todas as noites, confundindo-lhes os dias.
O sol entrava-lhe sorrateiramente pela janela
Procurando as frinchas de si
Acordando vísceras, sangue, e a carne
Deixando incomodativos rastos quentes
Que não o deixavam dormir
Ontem, de madrugada, o sol entrou-lhe pela janela
Ele apanhou-o e
Deixou-o em efervescência num copo de água junto à cama
Bebeu-o pela manhã
E a cidade ficou para sempre às escuras…
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