2.7.12

O sol

O sol entrava-lhe de noite pela janela
Inundava-lhe o quarto, o corpo e a alma
E a luz, com muitos dedos, abria-lhe os olhos
Todas as noites, confundindo-lhes os dias.
O sol entrava-lhe sorrateiramente pela janela
Procurando as frinchas de si
Acordando vísceras, sangue, e a carne
Deixando incomodativos rastos quentes
Que não o deixavam dormir

Ontem, de madrugada, o sol entrou-lhe pela janela
Ele apanhou-o e
Deixou-o em efervescência num copo de água junto à cama
Bebeu-o pela manhã
E a cidade ficou para sempre às escuras…

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