26.8.09

uma mão

foto: Paulo Paulos (http://www.olhares.com/)

ruídos sincopados de carris
embalam docemente os sentidos
que descansam em olhares adormecidos
nas memórias acenadas duma mão.
olhando a janela distraída
do lugar sorteado onde me sento
avisto a imagem distorcida
sem face, sem corpo e num momento
reconheço tua mão embevecida
sorrindo para mim, dando-me alento.
ouço no entanto, já bem distante
um grito uniforme de agonia
que ecoa no cais e que atraía
agora um mar de solidão.
os azulejos choram, em sintonia
acabando com toda a policromia
que à partida alindava a estação.
ruídos sincopados de carris
turvaram de cinzento o coração
deixando marcado um acenar
longínquo e sentido duma mão.

5 comentários:

Anónimo disse...

Mãos... Podem tanto, dizem tanto...

Belíssimo poema, o alento, a saudade, o riso de uma mão...

Beijos acenados...

Anónimo disse...

uma mão...é um mundo de sentir(es)...partidas...reencontros...despertares...de viagens de alma, e de corpo...
aceno-te em saudade!bj meu

Anónimo disse...

Assim é a despedida triste e sentida pelo aceno de uma mão no adeus pela partida.Bjo

Anónimo disse...

A despidida É sempre mais dificil, despedir de quem ama, quem zela, mas o melhor que podem voltar e eternamente o esperamos que voltassem.
Muito bonito, muito emocionante!
Parabéns!

Baila sem peso disse...

Uma mão a acenar
um gesto que vai fugindo
um corpo a viajar
uma saudade surgindo

e um coração a chorar...
saudade na mão a acenar
na estação, ausência colorindo!

Como sempre lindo!

beijinho