desenho-te os contornos
com um lápis inventado
deixo pó de carvão a morenar-te a pele
como se o verão chegasse antes do tempo
deixo, os teus olhos escuros bem abertos
e um jeito de menina endiabrada, espalhado pelo corpo.
fixo brincos, como estrelas, nas orelhas
e anéis de saturno, ficam a girar nos teus dedos
num movimento que me entontece a vontade.
os lábios, negros, num luto que me parece eterno
querem beijos, sorriem com pingos de tinta preta
que te borratam a pele e antecipam a noite
a abraçar-te com cuidado.
desenho-te os contornos
em linhas de cor espessa que te envolvem em novelos
despidos de preconceitos
tenho assim, o esboço do teu corpo
guardado na moldura dos meus olhos
que, quando adormecido, apresento
na exposição dos meus sonhos
3 comentários:
é em momentos de poesia assim,
doce, linda, de fascinante ternura,
que as palavras emudecem e saem soltas como os pássaros, voando por aí...
lindo!
beijo!
Belo...simples...aff dá até para suspirar! Parabéns!
Que lindo desenhar poético da musa do próprio poeta eternizada em verso ...
Maravilhoso !!!
Beijos
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