28.11.10

o cortejo da morte


estamos esperando a morte
com toda a sua alongada corte
de anjos e diabos em cortejo
estandartes ao vento, em primeiro
com cores tingidas por nevoeiro
e silêncios em marchas militares

a cidade dos vivos veio ver
o desfile de artefactos de morrer
figuras rastejando, agoniantes
risos de hienas e encher
o ar com sons acutilantes

abutres sobrevoam as cabeças
presas a corpos assustados
por um fio de medo a escorrer
olhos de terror saem das órbitas
e rolam perdidos por encantos
das virgens que vieram se perder

a morte desfila empoleirada
no andor da vontade de viver
sorri e acena à multidão
que se agita como mar encapelado
que reza desesperadamente o terço
que roga piedosamente mas em vão

a morte chega e abençoa a multidão

5 comentários:

Let's disse...

Forte..inteligente..mto bom. Bj

Anónimo disse...

obrigado Let's. Beijo!

Baila sem peso disse...

Não sei se é loucura ou não
sei que se és louco
consegues até no meio da multidão
dar uma passada de beleza
com palavras que se sentam à tua mesa
e até a morte no seu cortejo
não te conseguirá negar um beijo :)

Intenso e tão certeiro...
Flecha de belo arqueiro!

Uma boa semana Nuno
Beijo

Anónimo disse...

obrigado "Baila sem Peso" pela tua presenca assidua por aqui, sempre com poemas bonitos...

Mari jane Meijinhos disse...

verdadeiro.
beijo