13.10.10

tomar, variações de conjugação

tomo café numa praia
desenhada num papel
porque mar, aqui não há
fiz do açúcar areia
e da colher, uma pá

tomo um chá em pensamento
imagino, de canela
enquanto o teu sol se põe
no parapeito da vida
perto da minha janela

tomo um banho de saudades
liquefeitas nos meus olhos
faço espuma com sorrisos
que se escorrem imprecisos
pela pele em sentinela

tomo duche dos aromas
que engendro serem teus
fico respirando cheiros
tornando-os verdadeiros
fazendo-os perfumes meus

adormeço com cansaços
dum dia de embaraços
e sonho, sonho contigo
tomando-te devagarinho
como onda, nos meus braços

1 comentário:

Mari Jane disse...

Qual inspiração é tanta para um poema como é este, tão intenso?!

Um beijo