15.11.10

de repente

e de repente o ar tornou-se frio
gelando cada molécula de oxigénio que o povoa
e de repente engulo grãos de gelo
que deslizam ao som do respirar
cravando-se como alfinetes frios, na alma que adormece
assim, e de repente, as conversas ficam orfãs, sem destinatário
esbarram nas paredes que me cercam
escoam na chuva que se perde
escorrida na janela do meu quarto
sabes, o ar tornou-se frio
e tomou conta do meu corpo
como se fosse a morte a chegar
como se fosse um barco a partir
deixando na maré, a espuma do teu cheiro
e de repente o ar tornou-se frio
fechando meus olhos fartos de sonhar


3 comentários:

OutrosEncantos disse...

Sabes,
Escreves maravilhosamente bem, feliz ou sofrido.
É... às vezes assim... é como alfinetes de gelo que a gente engole e escorregam rasgando tudo, até chegar à alma.
Lindo o teu poema.
Beijo.

Anónimo disse...

obrigado "outros encantos"... é bom saber que me lês, sempre...

Baila sem peso disse...

E de repente ficaste triste
com a chuva te vestiste...
e a lágrima trepassou a alma
e um frio veio que não acalma...

e de repente espero que na tristeza
possas ter vestido roupa de carinho
que afagasse o teu caminho...

sempre lindo!!!...

Bom fim-de-semana
beijo