29.9.11

Nida

entre mares
existem dois ventos
e dois pensamentos pousados
nos telhados
inclinados
tremendo com dois medos de cair
entre mares
as gaivotas andam perdidas
e os olhos em despedidas
adiam vontades de as ver
dunas a crescer
engolem os dedos
como se fossem segredos
obrigados a morrer
entre mares
os cheiros entrelaçam-se
em indefinições
e os corações
acham o norte no relógio que perdeu o sol
naquela noite de tempestade
sem idade
fiquei entre dois mares
umas vezes caminhando
outras vezes disperso, sonhando
olhando dois horizontes
sentindo nos pés
a areia a abismar
na pele, as ondas frias do aguar
e ao longe, repetida
uma canção de Euterpe
doce, suave, a embalar
aqueles dois mares
de Nida

(versão polaca)

2 comentários:

Fatima disse...

Maravilhoso, como sempre, Nuno Guimarães!! Bjinhos

Anónimo disse...

obrigado Fátima! Beijinho...