quando o silêncio invade
os domínios dos sentidos
o tempo para e se lava
nos neurónios esquecidos
esgotados pela vida
e os números em catadupa
caem do céu da boca
fazendo murmúrios na língua
que canta em lengalenga
as matemáticas idas
das contas do meu passado:
cinco amores
e muitas dores
sete vidas
poucos gatos
muitos ratos
nos retratos
roendo as sulfamidas
para almas possuídas
dois pudores
envergonhados
da lista dos dez melhores
duma revista estrangeira
três viagens
e bagagens
cheias de coisas menores
arrumadas à maneira
no comboio dos horrores
trinta e três
dizem doutores
nomeados desertores
das medicinas modernas
e um homem das cavernas
que quando o silêncio invade
os domínios dos sentidos
risca carneiros nas pedras
para não adormecer
em traços que são proibidos
e me vão endoidecer
3 comentários:
esta tua matemática poética é fabulosa, Nuno!
na verdade, matemática e poesia estão genuinamente casadas em ti: engº/poeta!!!
gosto mesmo deste registo.
beijo.
são daqueles ''duetos improvaveis''...obrigado e beijinho, ''OutrosEncantos''
... opssss... ;)
um dia morro, do coração!
beijinho, também! :))
sou-te grata pelo carinho que me dispensas :)
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