tenho urgência de lua cheia
e de céus onde as estrelas
façam estradas de luz
tenho urgência de chuva morna
que me liberte dos frios
e me traga um abraço
de água doce ou salgada
que tempere os medos meus
urgências coleccionáveis
nos bolsos de uma alma
que de noite se liberta
dum corpo adormecido
nos braços sonhados teus
tenho urgências nas saudades
e nos tempos encostados
em infinitos de esperas
tenho feras, tenho tralhas
tenho alguns passos perdidos
tenho noites apagadas
e os olhos sempre abertos
alcançando os desertos
das ausências momentâneas
tenho urgências já sem hora
tenho caixas de Pandora
em cada um dos sentidos
que se encontram perdidos
nos textos que escrevi
tenho tremuras nos dedos
enquanto rezo os credos
por ter urgência de ti