8.4.12

de repente

e de repente
o vento mudou
trazendo o perfume de uma primavera
feita com a pele que te cobre o corpo
fico-me doido
quando os dedos dos meus dedos
são os olhos que te percorrem, cegos
e desaguam depois, lentamente, nas ondas castanhas
do teu cabelo encapelado
e de repente, enchentes mornas de beijos
afundam-se nos lábios que se abraçam
os sorrisos, vagarosamente perdidos
escorrem pelo tempo
do relógio esquecido no teu pulso
loucos os ventos
que me deixam louco
e descobrem com aragens ofegantes
os sentidos envergonhados
que se escondem por detrás da alma
tão de repente
como se a lua estivesse atrasada
para o encontro com o céu
e eu em sonhos passados
dentro de um sonho teu…

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