18.10.12

visita anunciada


espero a dor
como visita sempre anunciada
por sirene que me percorre todo
deixando-me acordado, desejando a morte.
chega de repente, como Ela,
e vai minando cobardemente, a carne por onde passa.
incendeia o sangue - raio de pirómana que rasteja
por entre o capim seco da idade
chegou a dor
e praguejo com toda a força que tenho concentrada na língua
esfaqueio a pele com dedos afiados pela raiva
procuro pelos cantos do corpo que dobrados
me podem trazer o paraíso, por momentos
luto desesperadamente pela luz
pelo entendimento que me descanse a alma
e anestesie as pernas, os braços, a mente
desisto, de repente
e engulo sofregamente o milagre
que me deixa apagar o fogo
aquele que quase me deixou demente

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