pouso-me cansado
no fio de navalha afiada
sem ombro de árvore que abrigue
a alma com lágrimas, molhada
pouso-me depois
de viagem enublada
em correntes de céu quase apagado
por ausência de pecado
por ausência do pintar da madrugada
pouso-me abandonado de asas
de te ter
pouso-me nas brasas
da lembrança
da mudança
e dos desejos a morrer
4 comentários:
este 'pouso-me', faz-me lembrar o 'cansaço' que ontem escrevi mas não postei...vou ao caderno e escrever-te aqui, se me permites. será o meu comentário a um poema triste que refere o desalento das asas.
"há um cansaço, teimoso, que me invade e desvitaliza. vontade de adormecer e não mais acordar...nem sequer sonhar.
não morrer, apenas estar, quieta, em silêncio e com um sorriso, tranquilo, em meus lábios.
aqueles que te incitam a beijar em premência de paixão. os que te fazem movimentar as asas, de anjo, para me envolveres em paz (d)e amor,profundo (d)o coração.
escutarias as minhas batidas... certamente já não seriam aceleradas, nem fortes; a taquicardia da intranquilidade, do stress e do cansaço daria lugar a um pulsar lento, como se se tratassem de ondas rolando, discretamente, até à areia iluminada por raiada e quente presença de verão.
descanso, em ti...anjo que me sorri."
Que melancolia atravessa este teu poema!
Uma alma cansada a que faz falta reinventar reinventar cores para pintar novas madrugadas.
Beijinho, para ti poeta, que admiro.
(desculpa a confusão)
pouso o meu beijo doce no teu rosto, nesta madrugada cinzenta e fria, trazida pelas lembranças.
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