29.6.10
lençol de linho
estendo o lençol onde me deito sozinho
conto os sonhos que não tive e os dedos que retive
em sudação
inundando a minha pele sedenta de um carinho
conto os sorrisos deitados a meu lado
guiando em contramão
e os perfumes que um dia falaram comigo
em evaporação
estendo o meu corpo em solidão
como castigo
como barco vazio onde o capitão
sentado no nó da vida
não tem qualquer saída
nem cais de amarração
fixo-me com olhos de alma
espreito-me com pele arrepiada
de me ver assim, feito nada
mesquinho
em lençol que presumo ser de linho
porque o branco me parece daqui
diluído
parido
detido
no uso dos dias que não passam
eu, pareço-me talvez diferente
desistente
descrente
dependente
de um olhar que me toque, de uma mão
que me agarre nesta noite que existe sem razão
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5 comentários:
um lençol de linho não se compara a um de pele...num impera a comodidade, mas tb a solidão; noutro, a partilha mas mts vezes a confusão.
ola, obrigada pelo comentario no meu blog e pela composição do meu desenho com este teu escrito lindo! vi que vc escreve, fiquei curiosa! amo poesia, tento estudar e escrever tb... posso linkar teu blog ao meu? abraço!
eu preciso desse olhar e dessa mão todas as noites...
MayrA, será uma honra ter o link do meu blog note... Obrigado!
lençol de linho
ou de seda, ou de algodão...
roçando na pele de uma solidão
que necessita na noite de doce mão
e que é mais forte que a razão...
Lindo...chega sempre ao coração! :)
Beijo
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