18.5.11

Pés descalços


Perdi-me nos teus pés descalços
Delicadamente desnudados
Posando para os meus olhos

Deixei-me enlevar pelos teus dedos
Que em movimentos ritmadamente pequenos
Empurram os segundos do meu tempo
Habitualmente amargo e longo
Hoje, em mel espesso, escorrendo eroticamente
Da cadeira onde os teus pés se pousam

Tentei anotar detalhes
As linhas desenhadas pela graciosidade de uma dança
Em pontas
Adivinhar as marcas por eles deixadas
Numa tela de areias espalhadas
Pela excitação do mar
E deixar-me imaginar
Que podiam ser esculturas ou retratos
Instalações soberbas
Um quadro de pintor famoso
Em exposição permanente
No museu de arte contemporânea do corpo

Mas
São simplesmente os teus pés que aqui tenho
Posando para os meus olhos
Lindos, assim descalços
Em despudorados movimentos
Hipnoticamente lentos
Que fingi serem só para mim

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