5.5.11

para quem não prescinde de flores


Quem não prescinde de flores
Procura pétalas perdidas nos recantos da memória
E recosntrói malmequeres pela manhã
Numa cama de lençois brancos, amarrotados
Nos corpos a secar dependurados
Em cordas de lembrança por curar

Quem não prescinde de flores
Tem vasos adormecidos à janela
Que hibernam esperando a primavera
Colhe sementes nos ventos que chegam do jardim
Espera por germinações que aconteçam
Devagar dentro de mim

Flores que podem ser papéis escritos
Com os poemas malditos
Que me arrependo de escrever
Poemas que se perdem nos meus dedos
E se rasgam quando chega o amanhecer

Flores, flores que não existem nos meus olhos pr'a te dar
Flores renunciadas por mãos que não vivem pr'a tocar
Flores paradas numa vontade de ser mar
Flores do sal precipitado
Num inverno inteiro a chorar

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