22.2.12

operações do amor





raciocínios matemáticos em colisão
com uma vontade enorme
de encontrar racionalidade
nas operações do amor

deixo a soma (+) a reger-se por regras de fusão
mesmo de reunião
principalmente quando está frio
e a alma gelada
(pela ausência de exercícios de álgebra complicada)
adormece parada
procurando uma mão
que a agarre ao corpo
há muito perdido
em equações complicadas de solidão

com a divisão (/)
desenvolvo uma relação estratégica
de não agressão
fica para ali sozinha, num canto da memória
independente
com a sua bandeira hasteada
ainda não identificada
de uma só cor...
é uma divisão arrumada
com espaço suficiente para viver
obrigatoriamente
longe do coração

quem subtrai
trai
rouba
e cai
na tentação de uma subtracção (-)
pouco adequada às operações do amor
e com dor
a conta inversa observa
apaixonada pelo oposto
e em desgosto
desespera
e espera
desespera
e espera
pelo nada, pelo zero, pela anulação…

raciocínios matemáticos
em colisão
esperando ansiosamente
a chegada da multiplicação (x)

raciocínios matemáticos
em colisão
esperando religiosamente
pela libertação

NOTA: Desafio lançado pelo Clube de Matemática ao qual respondi com um gosto muito especial atendendo à minha formação mais virada para as ciências do que para as letras. Neste exercício mensal, pretendo, de alguma forma, ''casar'' a Matemática com a Poesia... vamos ver no que dá...

2 comentários:

OutrosEncantos disse...

:))) eu sei, sou repetitiva... (como se chama essa operação?!...), mas, é que tu és fabuloso nestas tuas aritméticas poéticas :)))
beijo, Nuno.

Anónimo disse...

nunca és repetitiva... é muito bom receber os teus comentários...

beijinhos, ''OutrosEncantos''.