e o escuro era tão escuro
que os meus pássaros negros apareceram sem se ver
e só os grasnares violentos entraram por dentro de mim
pintando de negro todo o sangue que me chegava ao coração
e o escuro era tão escuro
que os meus pássaros negros chegaram sem avisar
e o vento semeado por suas asas negras
me ofereceram um vento podre, um ar viciado para respirar
e o escuro era tão escuro
que os meus pássaros negros não precisavam de olhos para enxergar
e os meus, também escuros
cegavam aos poucos, feridos por agulhas sem linhas para chorar
e o escuro era tão escuro, mas tão tão escuro
que os meus pássaros negros
pousaram à volta da minha cama
corvejando, agoirando, calaram o meu pensar
… parecia mesmo a morte a chegar
2 comentários:
Veneno não mata veneno, mesmo que a morte te chegue nunca será suficiente para te matar.
O negro não é negro, é um azul muito escuro, mesmo de luz apagada, as sombras não passam, nunca, despercebidas, como as meias rotas e gastas dos pés calejados do andarilho.
As palavras são o instrumento do seu trabalho que executa com profissionalismo e esmero ao mais alto nível, mesmo com agulhas nos olhos, éter envenenado e no seu habitat seja escuro como breu.
Também as palavras matam, quem sabe se o andarilho não acabará morrendo, agonizando no seu próprio veneno.
fiquei bastante confuso com este comentario... dum anonimo... confesso que nao percebi o sentido...
embora anonimo, obrigado por me ler...
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