28.10.10

anda beber-me

anda beber-me em tragos

propositadamente pequenos

a água que tenho na boca

são os desejos serenos

deixados pelas palavras

que às vezes tu me dizes

que às vezes tu me escreves

em post-it(s) obscenos


engole-me a alma e o corpo

digere bem devagar

tudo o que tenho em segredo

tudo o que guardo, a medo

anda, vem docemente roubar


leva-me o cheiro da pele

que pões a escorrer no teu corpo

leva-me as marcas dos dedos

as carícias digitais

prolongadas em preguiças

pelos amores matinais


anda beber-me, embebeda-te

com as fomes que eu tenho

mata a sede que tu trazes

sorve as saudades que são

milhares de gotas salgadas

lágrimas de mar revoltadas

que afundam o coração

5 comentários:

Baila sem peso disse...

Ó Nuno! E não é que fiquei "embriagada"
com tanta beleza poetizada!?
O meu coração ficou afundado
nesse beber desatinado...

Belo como sempre!!
beijo

OutrosEncantos disse...

Olá Nuno!
Tem prémio DARDOS p'ra ti, aqui:

http://meusamigosseusmimosmeusencantos.blogspot.com/

Queres ir buscar? :-)
Beijo.

Jhanifer Susan disse...

Um poema que deixam marcas, assim como goles sorvidos no calor da paixão e são capazes de embebedar o corpo e alma ...
Beijo
Susan

Ana Casanova disse...

Um poema que faz sede! :)
Beijinho meu amigo.

Anónimo disse...

outro para ti Ana...
muito obrigado por todas as palavras e incentivos dos últimos dias...