17.3.11

E deixei o mar chegar

Sentei-me debaixo da lua
Para ver o mar chegar
Contei o grito das ondas
Ouvi os silêncios dos corpos
Diluídos por destroços
Parados em tragos de azar

Os deuses cegos por sal
São demónios libertados
Por fendas que vi abrir
Caminharam com ruído
Em covarde desvario
Engoliram o sorrisos
Dos olhos
Que não podem mais chorar

Sentei-me debaixo da lua
E deixei o mar chegar
Diluí-me com as ondas
Fui mais um número
Perdido
E ninguém me vai contar

4 comentários:

OutrosEncantos disse...

divinamente contado!
uma memória que estará sempre viva!
a força brutal e imparável da Natureza!
beijo.

Bethânia Loureiro disse...

Belíssimo! bjs

Anónimo disse...

OutrosEncantos, terrivelmente marcado pelas imagens que vi... e assim nasceu o poema...

Anónimo disse...

obrigado Bethania...