29.4.11

A morte


Outra vez a morte... A tua morte a chegar-me
A entrar-me pelos olhos, a abrir-me os dedos das mãos fechadas em punho
Assustadas, defensivas, como se pudessem lutar
A morte, a tua morte a turvar as lembranças que colecciono de ti
Nos abraços apertados, nas palavras repetidas como se fossem primeiras
Nos trocadilhos da vida que nos fazem rir a bandeiras despregadas

Hoje voltei a tê-la aqui, a tua morte
Veio engalanada, a puta, para me enganar, dizendo-me que era a vida
Com falinhas mansas, dizendo que te queria, que te levava nos braços
Para seres imortal
Coisa banal, como se fosse natural, esta de ser imortal...
Outra vez a tua morte a acordar-me, a levar-me para cada despedida nossa
Onde engulo lágrimas e os meus medos se salgam na garganta

Por cada despedida nossa, sinto a morte a secar-me a boca
A alma fica vazia
E as habituais promessas, juntas
Guardo-as num enleio

Não chores, eu volto um dia

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