11.7.11

vento


o vento parou
deixando de falar nos teus cabelos
e no jardim, acumuladas às dezenas
folhas de poemas
repousam sem poder voar
desejos teus pousados nos meus
proibidos de se abraçar

à beira rio, o vento parou
e o teu perfume encheu o ar
suspenso na inexistência de uma evaporação

parada, perdurou por tempo pequeno, a minha mão
fazendo amor na tua
com dedos entrelaçados
apertados
como se o mundo estivesse a um segundo de acabar
como se a ponte branca fosse desabar
no teu sorriso tão difícil de abandonar

o vento parou
e as últimas palavras que disseste
junto ao rio que corria devagar
adormeceram comigo
nas margens do meu ouvido
esperando por maré
que as possa acordar

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