31.12.12

ela não percebia nada de matemática...


ela
não percebia nada de Matemática
fazia equações de cosmética
antes das aulas
colocava os seus óculos DG
com aros de desenho infinito
vestido sempre restrito
corpo em movimento atrevido
num andar sinusoidal
que fazia tender para zero
a segurança rodoviária
nas ruas por onde passava
ela,em discursos eloquentes
mostrava as suas mãos convincentes
com dedos primos
que dividia por um, quando tinha namorado
e quando não tinha
dividia-os consigo própria
entrelaçando-os, agarrando um conjunto vazio
que se enchia rapidamente
de tanto aperto
tacões em segmentos de reta de 10 cm
um corpo de 3º grau
difícil de resolver
e muitas incógnitas
difíceis de se ver
era finita, perfeita, inteira
era bonita, suspeita, matreira
ela
(que não percebia nada de Matemática)
trazia sempre pedaços da matéria
envolvendo a sua existência

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