vamos perdendo a luz, o corpo e a alma
vamos rastejando já sem calma
na vida transformada em cilada
vamos comendo lama, à sobremesa
e bebendo a simpatia inquinada
dos seres que nos sobrevoam pela calada
vamos dormindo em cama feita
por inimigos com sorrisos falseados
vamos acordando atordoados
com mentiras que nos trazem madrugadas
vamos engolindo elefantes
com dentes que trespassam confiantes
as entranhas dos corpos já doentes
que jazem em esperanças enganadas
vamos nadando em rio negro
com margens apinhadas de chacais
deixando-nos arrastar pelos caudais
até ao mar profundo e infinito
vamo-nos afundando devagar
sem força para poder soltar
um único e derradeiro grito
2 comentários:
Verdade Nuno.
Também grito!
Beijo.
... será só isso a vida?
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