2.3.11

Como se fosse caviar

Povoo a casa com criaturas
Que em convulsões de saudades
Me saem do peito
Transparentes, com sorrisos e gargalhadas
Ocupam-me alegremente os sentidos
Habituados a sons de nada
Às paredes brancas enrugadas pelo vazio do tempo
Ao perfume de limão
Da roupa lavada sozinha
Na máquina da ilusão

Esta noite, em conversas animadas
Falamos de ti
Encomendamos abraços
Numa fast-shop de carinhos
Fizemos uma festa
Com a música dos teus olhos
E a luz que na minha alma ainda resta

Também bebemos o resto da garrafa
Que tinha o teu sorriso no rótulo
Embebedamo-nos com palavras sem nexo
Imaginamos sexo
Como se fosse caviar
Russo
Em cerimónia saboreada ao luar

Esta noite, falamos de ti
E ouvimos-te caminhar
E pisar
As lembranças nuas, que fomos deixando pelo chão

6 comentários:

Virgínia Pinho disse...

Lindo, até parece fácil ... palavras soltas que fluem e, qundo juntas, têm um significado muito preciso e .... no qual, apesar de do meio da multidão, muitos de nós nos sentimos partilhar ...

Anónimo disse...

obrigado Virginia pelas ruas palavras tao significativas...

OutrosEncantos disse...

... dos mais belos poemas teus!
e sim... talvez seja comum esse falar-se de "alguém"...
"com alguém"... na noite fria e solitária...
e depois celebrar... embebedando-se com lembranças sem nexo e tudo o mais, como se fosse o melhor sabor do mundo!...
lindo..., adorei!
beijo meu :)**

Anónimo disse...

OBRIGADO, "Outros Encantos"... é bom saber que continuas por aqui...

Bethânia Loureiro disse...

Poema lindo!! Sou novata por aqui, mas adorando o estilo...
beijos

Anónimo disse...

obrigado Bethânia...