25.7.11

se a chuva de ontem não voltar


sabes, acho que prefiro a solidão
prefiro perceber todos os ruídos
que roem as coisas paradas da casa
prefiro ver o pó que se acumula
por detrás das portas
e os livros espalhados por estantes velhas
numa desordem que não me incomoda
numa desordem que ordenadamente conheço
prefiro ver as borboletas da noite
suicidando-se queimadas contra a luz do candeeiro solitário
que resta na minha rua adormecida
prefiro os sussurrares eléctricos do frigorifico
em orgasmos cúbicos de gelo
que bebo derretido na Coca-Cola
sempre que o calor me consome
a meio da noite
a meio do sonho
prefiro o silêncio que me alimenta a loucura
e me deixa os ouvidos vazios de palavras
prefiro adormecer quando me apetece
estender-me atravessado na cama
e na vida
trocando-lhe os sentidos
enganando-a com o relógio que desconta o tempo

se a chuva de ontem não voltar
acho que prefiro a solidão para ficar a morar

8 comentários:

Anónimo disse...

porque o sol de ontem nunca chega p'ra ficar, a solidão é sempre a casa mais segura p'ra morar.

parabéns.

Anónimo disse...

perfeitamente resumido...
OBRIGADO!!!!

n.

FlorAlpina disse...

Que chova então!

Bjs dos Alpes

Anónimo disse...

obrigado FlorAlpina!!!!

Fatima disse...

A solidão dói...mesmo que chova...porque nos faz sempre lembrar alguém!

Beijos Nuno!

Ana Casanova disse...

Mais um poema que tocou bem fundo...

Beijos com carinho.

Anónimo disse...

beijinhos Ana... obrigado!

Anónimo disse...

beijinhos Fátima... obrigado!