pedaços de inverno
despegam-se dos céus
e das faces das pessoas
e das casas que enregelam
e dos dedos que se gretam
e dos corpos que se cobrem
e das mentes que congelam
e dos mares que se revoltam
e dos lagos que hibernam
e das árvores que agora choram
mil e uma folhas caducas
que alagam de velhices
os caminhos que percorro
pássaros mortos nos passeios
com sorrisos frios nos lábios
e cantos abafados
pousados
nas pautas do cimento
pouco antes de morrer
pedaços de inverno
despegam-se em Dezembro
escorregam
pelo fio dos dias
navalhas emaranhadas
que fazem o tempo esquecer
as faces
e as casas
e os dedos
e os corpos
e as mentes
e os mares
e os lagos
e as árvores
que ficam com os braços a doer
pedaços
traços
regaços
abraços
cansaços
de inverno
que me levam, ao entardecer
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