6.6.09

lapso de tempo

foto: Zélia Paulo Silva (www.olhares.com)

Tenho um lapso de tempo
reservado no meu bolso.
Sem uma razão aparente,
mantenho-o assim guardado,
no seu estado dormente,
num velho relógio parado
que de corda bem partida,
repousa solenemente
suspendendo o precipício
que nos ameaça a vida.

Usado como uma bomba,
de mortífera paciência
liquida os seres alados
que enfrentando a ciência
vivem na consciência
e surgem de muitos lados.

Assim, de arrojo, usado,
vigora a hecatombe
dos fantasmas do passado.
Jazem já em densa calma,
em sentimento esfumado
pelas ruas da cidade
que vive dentro da alma.

10 comentários:

guvidu disse...

Sinto que o tempo desses fantasmas é agora de serenidade...

É bom saber que existem, aceitá-los e seguir em frente, com a pretensão de que outros não surjam, pois isso significa de que estás a vivenciar o Tempo com Felicidade e desejo que te revistas, sempre, de um Amor Cósmico que te sopre a essência do amor, por ti, e de um outro correspondido. :)

Sobre o Tempo, nunca me esqueço dum lema da Swatch, há uns anos, que dizia que "tempo é o que fazemos com ele", e é verdade, temos de ser proactivos em prol da Felicidade e do Amor! Eu uso swatch, no pulso e na alma. E tu? (risos)

E já que o poema está filosófico, cá vai a expressão de Sto Agostinho nas suas "Confissões" - o tempo é uma distentio anima (distansão da alma), ou seja, se estamos felizes passa depressa, e inversamente.

Um bjo apressado no amar, em felicidade, a 8000

Anónimo disse...

"distensão" (rectifico)

Sonia Schmorantz disse...

"Conte a sua história ao vento,
Cante aos mares para os muitos marujos;
cujos olhos são faróis sujos e sem brilho.
Escreva no asfalto com sangue,
Grite bem alto a sua história antes que ela seja varrida na manhã seguinte pelos garis.
Abra seu peito em direção dos canhões,
Suba nos tanques de Pequim,
Derrube os muros de Berlim,
Destrua as catedrais de Paris.
Defenda a sua palavra,
A vida não vale nada se você não
viver uma boa história pra contar."
(Pedro Bial)

Na impossibilidade de entrar em detalhes, como eu gostaria imensamente como todos amigos que tenho, venho trazer um pouco de poesia e desejar que seu domingo, sua nova semana seja de mil cores, que tenhas muitas alegrias!

Um abraço

Sônia

Deirdre disse...

Tenho vindo ver os teus poemas e este é, de longe o meu preferido. Há uma calma neste espaço que nem sempre condiz com o meu estado de espírito, por isso nem sempre o visito. Mas hoje, as tuas palavras assentaram-me. Quem me dera ter sempre à mão o tempo de calmia para me encontrar neste sítio simples, de quase ausência de palavras.

Deirdre disse...

Tenho vindo ver os teus poemas e este é, de longe o meu preferido. Há uma calma neste espaço que nem sempre condiz com o meu estado de espírito, por isso nem sempre o visito. Mas hoje, as tuas palavras assentaram-me. Quem me dera ter sempre à mão o tempo de calmia para me encontrar neste sítio simples, de quase ausência de palavras.

By Me disse...

FECHO A GAVETA...DEPOIS DE GASTAR ALGUM TEMPO DELICIADA A LER O TEU BELO POEMA...EU TAMBÉM TENHO UM RELÓGIO PARADO, REPOUSA SOBRE A MESA...TEM CORRENTE ,PRATEADO...OS PONTEIROS SÃO GRANDES MAS NÃO ASSUSTAM ,PARECEM SOLDADOS ESPECADOS...

Cristina Fernandes disse...

Estranhos os ponteiros do tempo, que desfilam nas palavras... gostei de passar por aqui...
cumpts,
Cristina Fernandes

Fernanda Fernandes Fontes disse...

Adorei a ideia de ter um "lapso de tempo guardado no bolso'. era o que faltava à acalmar meus dias...

Bjs

sonho disse...

Mesmo sendo um relogio velho e parado...durante os dias acerta duas vezes nas horas...so precisamos estar atentos:)...como em tudo na vida:)
Beijo de um anjo

Graça disse...

Gosto de poesia... e chegar aqui foi muito bom. Obrigada por teres passado no meu "palco".

Voltarei... com o tempo que mereces.