29.9.10

linha branca

uma linha contínua, branca, sempre molhada
segue comigo em viagem
vem acorrentada à janela
por onde corre (também ela)
a minha auto-estrada

avança célere, importante e ousada
fazendo-me desagradável companhia
que me deixa em profunda agonia
e a mente em velocidade alucinada.
são imagens recusadas, mas que passam
e trepassam lancinantes alma minha
trazidas sem licença pela linha
contínua, branca, sempre molhada
por chuva de Outono, acinzentada
que aqui vai caindo delicada

na linha, um desenho atormentado
das perdas que existem nesta vida
as que náo conseguiram despedia
e habitam teimosamente o passado

1 comentário:

OutrosEncantos disse...

É só uma linha Nuno, assim que a cortares sentirás de imediato o alívio, a libertação.
Gostei do teu poema, muito bem desenhado.
Beijo.