20.1.11

caíram hoje flores do céu




caíram hoje flores do céu
molhando a cidade com pétalas brancas
que se desfizeram no calor dos passos
dos homens
esquecidos do que era a primavera

caíram hoje flores do céu
e os perfumes, que eram muitos
inundaram corpos de mulheres suadas
cansadas
esquecidas do amor
que foram obrigadas a perder

caíram hoje flores do céu
como se fossem os invernos a morrer
aos poucos, esquecidos de viver
esquecidos que ainda ontem
havia dias a amanhecer

hoje como se fossem fiapos do tear
como se fossem cabelos meus a branquear
caíram flores do céu
que adoçaram ruas, a polvilhar

eu, na minha janela
deixando o vidro a embaciar
entreguei-lhes turvo, o meu olhar

8 comentários:

Anónimo disse...

E poderiam tb cair palavras de Metropolis...

Anónimo disse...

E poderiam tb cair palavras de Metropolis...

Anónimo disse...

sem flores para METROPOLIS... acabou a inspiração...

OutrosEncantos disse...

As tuas palavras são as próprias flores, Nuno.
A tua inspiração não se esgotará jamais, visto que tem o Enorme suporte da tua extraordinária sensibilidade, ternura e..., sei lá, uma montanha de sentires lindos!

Adorei esse poema, queria saber escrever assim, com essa ternura!

Beijos, querido.

Anónimo disse...

obrigado OutrosEncantos... escrevo muitas vezes sabendo que me lês... é sempre uma motivação suplementar.

BEIJO!

Unknown disse...

entreguei o meu olhar... aqui... para aqui me extasiar...!

Jhanifer Susan disse...

Um poema encantador e cheio de sentidos e significados , enfim não a muito a dizer e sim muito a sentir com o próprio poema ...
Beijos
Susan

Anónimo disse...

As flores são eternas enquanto lembranças no jardim da alma...