26.2.11

Eu, Vulcano


Cheguei disfarçado na noite
Com uma flor na mão
E tambores no coração
Cheguei de olhos fechados
Por conhecer teus atalhos
E acreditar que teu eu
Ansiava pelo toque
De uma longa solidão

Vim depressa
Vim diferente
Vim prudente
Quis-te em Pafos coroada
Quis encontrar-te queimada
Em fogo de Citereia
Como deusa de paixão

Vim no barco "pensamento"
Pedi para ter madrugada
Escondendo a enseada
Para ancorar minha espada
No teu corpo luarento

Trouxe a tua voracidade
Nos desejos atirados
E trazidos pelo vento
À minha pele deserta
Fustigada por ausência
E por tempo turbulento

Cheguei com uma flor na mão
Seu perfume a crescer
As pétalas rindo, em robor
Mas encontrei-te vazia
Com alma despovoada
Em Marte, vontade pousada

Eu Vulcano, a vacilar
Com o coração a mancar
Imolei-me, morri na dor

2 comentários:

gabrielle disse...

morrer de amor?!

as saudades tb matam... esvaziam, despovoam - mesmo as almas mais apaixonadas! no entanto, não é esse o meu caso ;)

beijinhos saudosos

alexandra disse...

Sempre surpreendente, sempre belo.
Também se morre de amor, de desilusão...

Um beijo.