19.3.12

a tua pele despida

gelos moribundos
contorcem-se nas bermas do jardim
num processo artístico de anúncio de primavera
sem ruídos, cinzéis solares
expressam-se silenciosamente
nos contornos das pedras frias
ouvem-se gemidos gelados
nos derretimentos das figuras fabulosas
que voam da imaginação
e morrem-se devagar, sangrando águas
bebericadas pelos pombos, que já chegaram à cidade

num banco de jardim
no anúncio da primavera
o sol esculpe-me vagarosamente a alma
aquecendo-me os olhos
e deixando-me com um enorme desejo
da tua pele despida

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