foto: Susana Salgado Pires (http://www.olhares.com/)
parado, eu estou parado
sem vontade de esperar
parado sem sol sem lua
que iluminem uma rua
por onde eu possa passar
parado, capturado,
perfeitamente detido
insecto quase pútrido
envolvido numa teia
de rendilhado queimado
por ateada odisseia
que me deixa derrotado
parado, coração lento
com vontade de esgotar
baloiçando ao som do vento
anulando o batimento
que o vem alimentar
parado, dependurado
em ponteiro oxidado
de relógio solitário
por todos abandonado
e sem tempo p’ra contar
parado, eu estou parado
finjo que estou acordado
mas estou só a vegetar
sem vontade de esperar
parado sem sol sem lua
que iluminem uma rua
por onde eu possa passar
parado, capturado,
perfeitamente detido
insecto quase pútrido
envolvido numa teia
de rendilhado queimado
por ateada odisseia
que me deixa derrotado
parado, coração lento
com vontade de esgotar
baloiçando ao som do vento
anulando o batimento
que o vem alimentar
parado, dependurado
em ponteiro oxidado
de relógio solitário
por todos abandonado
e sem tempo p’ra contar
parado, eu estou parado
finjo que estou acordado
mas estou só a vegetar
8 comentários:
Um poema de palavras em solidão, paradas, sem se mexerem para procurar o brilho ofuscante do sol ou a suavidade do luar. Quando os ponteiros desoxidarem será mais fácil essa busca, não é?
Um bom resto de tarde de Domingo, numa Rua qualquer que não seja uma rua de gente só"
Beijinho
Tenho dificuldade em comentar o texto pela amargura e tristeza que transmite.Espero não ser real.Mas prendeu-me a atenção. Um abraço.
As vezes nos sentimos assim, um vazio, um não ei o q, parado no ar deixando o tempo passar.
Gostei de vc!
1 beijo!
como gostava de ter a tua riqueza de palavras,engrandecimento na escrita... está lindo!
um bj
as vezes é preciso parar um pouco.
bjosss...
Fantástico...
Gostei muito:)
"parado, eu estou parado
finjo que estou acordado
mas estou só a vegetar"
como compreendo..
Parado, deixa tanto que pensar...
Um parado também pode ser a sonhar
Ainda que este parado, faça lágrima rolar...
espero que o relógio trabalhe em condição
como beleza tem, este poema do coração!
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